quinta-feira, 13 de maio de 2010

No Tempo da Marinete


Comentário original postado em:
Caro Marco, aqui em minha cidade, Aracaju, na década de 60, lotação era chamada de “marinete”. Tempos depois surgiram os “gostosões”, que eram ônibus grandes da Mercedes Bens. Teve uma época que começaram a aparecer uns ônibus com lâmpadas fosforescentes, que serviam para iluminar o seu interior e por isso eram chamados de “trios elétricos”. Lembro das “marinetes” que viajavam para o interior do estado, em que o maleiro ficava no teto e era coberto por um encerado. Quando jovem, sempre gostava de andar de ônibus. Quando ia para o trabalho ‘pegava’, mesmo já estando na metade do caminho. Por já ser acostumado, ‘pungava’ sem que o mesmo precisasse parar, pois na maioria das vezes era fora do ponto. O tempo passou e já casado, tendo minha esposa ficado com meu carro, resolvi voltar para casa de ônibus. Logo que entrei no mesmo, comecei a encontrar dificuldade para passar pela catraca onde fica o cobrador, pois o ônibus rapidamente lotou. Ao passar pelo cobrador começou o contorcionismo para ir para frente do ônibus. Já apreensivo, vendo à hora de chegar o lugar de descer e não poder. Foi o que aconteceu, mesmo tocando a cigarra que avisa ao motorista que tem passageiro querendo descer no próximo ponto, o mesmo não parou e lá se foi eu para outro bairro. Ao consegui descer do ônibus, notei que minha caneta cross novinha já não estava mais no meu bolso. Resultado de minha aventura, além de terem roubado minha caneta, tive que voltar de taxi para casa. Quando da implantação do transporte integrado, chamado pela Prefeitura de “Transporte de Massa”, os ônibus andavam por vias exclusivas e em ruas com canaletas, as quais serviam para separar dos carros de passeio. Aos domingos, muitas mães juntamente com seus filhos entravam nos ônibus sem destino, e ficavam a passear por vários bairros da cidade, só pagando outra passagem quando o cobrador dizia que tinha chegado ao “fim de linha”. Dois ônibus que ainda chamam atenção por aqui, o articulado, conhecido “papa-fila” e a “jardineira”, hoje também chamado de “marinete do forró”, que circula por toda a cidade no mês de junho, quando das “Festas Juninas”, com um conjunto pé de serra tocando. Um problema que persiste até hoje, são os ônibus lotados na hora do rush, onde as pessoas se comparam a “sardinhas em latas”, além da falta de educação nos pontos de parada e terminais, quando as pessoas por não se organizarem em filas, na hora que o ônibus para, começa o empurra-empurra, com todos querendo entrar ao mesmo tempo. Hoje temos na cidade uma frota de ônibus novos e modernos, pelo menos os que rodam pelos bairros principais, mas na periferia ainda há muitas reclamações quanto à manutenção dos mesmos. Se este transporte tivesse qualidade, poderia desafogar um pouco o trânsito da cidade, fazendo com que muitos proprietários de carros deixassem os mesmos na garagem e fossem trabalhar de ônibus. Um abraço, Armando.

Um comentário:

Marco disse...

Queria te agradecer pelo ótimo comentário.
Fiquei feliz por fazer tantos amigos relembrarem suas histórias com ônibus. A intenção primordial do Antigas Ternuras é essa: ser um canal de boas recordações.
O termo "marinete" me foi apresentado pela obra "Tieta do Agreste". É uma palavra deliciosa. Queria saber sua origem.
Carpe Diem. Aproveite o dia e a vida.